terça-feira, 1 de abril de 2008

 

EM 02 DE JULHO DE 1998, DIZIA "PESCA: ESSA BARCA AGONIZANTE"


É triste ver passar essa barca agonisante, sem se saber em que porto ou escolho vai naufragar, arrastando-se minada por tantos vermes que alberga no bojo e tantos parasitas que lhe sugam o casco. E ao vê-la ficamos com o sentimento de que ela não tem força para se sacudir e expelir os parasitas que a sugam e muito menos conseguir gerar os anticorpos que acabem com os vermes que lhe minam as entranhas.
Se fizermos uma verdadeira reflexão e, se possível, um isento diagnóstico ao estado da barca, chegaremos, porventura, à conclusão de que, por cada agente produtivo que ainda nela labutam, não serão menos de três ou quatro vermes e parasitas, que lhe sugam o produto da sua actividade, que tanta falta faz para compensar devidamente quem nela trabalha e quem nela poderia investir, chegando-se à conclusão de que a agonia parece inevitável.
Porquê tanta repartição em actividades distintas como, a pesca do cerco, a pesca das redes de emalhar, a pesca do anzol, a pesca dos covos, a pesca dos alcatruzes, a pesca do arrasto, etc. etc. etc. Certamente quanto mais repartições maiores serão as possibilidades de alimentar os vermes e parasitas que a minam e deram origem à visão que hoje se tem da barca, havia que dividir para reinar.
A pesca é uma actividade que, como qualquer outra, tem que ter rentabilidade para sobreviver, esta é certamente uma realidade que já existia antes de chegarem tantos doutores ao seu costado, portanto, cada unidade deve ser vocacionada para as actividades "pescas" que, quem as dirige entende melhor defenderem os seus interesses. Para defesa de stocks e espécies haverá, estamos em crer, embora com dúvidas, quem possa determinar o que se não pode pescar e quando não se deve pescar. Acabe-se portanto com aquela proliferação de actividades distintas de pesca e dê-se a quem nela trabalha e investe a possibilidade de orientar o que é seu, sem o paternalismo, a maior parte das vezes, de quem nunca pôs o pé numa embarcação de pesca.
Que se tenha a coragem de reconhecer quais as actividades que têm feito o assassinato da pesca e retiram à barca a esperança de ainda poder vir a sobreviver. Quem observa, como todos nós temos visto na televisão, quer em anúncios de produtos congelados, quer em introito de programa oficial, a abertura de um saco da pesca do arrasto, constata, em confirmação do que alguns entendidos vêm afirmando, ser confrangedor ver a quantidade de pequenas espécies mortas, que não têm aproveitamento e são atiradas para putrefazer no fundo do mar, referindo quem sabe que não chega a aproveitar-se 50% do volume capturado. Todos os que temos o mínimo contacto com as redes de emalhar e as zonas onde se pratica esta pesca, sabemos como estão os fundos respectivos, são mais as redes abandonadas que continuam a matar sem qualquer proveito do que aquelas que realmente pescam. Para quando a clarividência de quem pratica estas actividades e de quem as autoriza, no sentido de acabar com aquilo que só tem trazido mal à barca?
Para além de andarmos a comprar barcos de guerra em segunda mão, apenas para podermos integrar uma pequena representação na Nato, é bom que se pense obter mais barcos de fiscalização da costa e estudos oceanográficos, já que esses bem precisos são.
Recomenda-se vivamente ao governo do nosso país que, no intervalo da campanha que há anos vem fazendo, venha ao cais ver passar a barca e constate o estado depauperado em que ela se encontra, parando depois algum tempo no ambiente de trabalho do gabinete a procurar encontrar as soluções necessárias, ainda que impopulares aos olhos dos lobies que sempre têm conseguido pôr em prática apenas o que lhes convém.
No ano em que organizamos a maior exposição sob a égide dos oceanos, quando nos orgulhamos de ter apresentado ao mundo o maior oceanário da Europa e pretendemos que venha a ser sediado em Portugal um instituto mundial de defesa e preservação dos oceanos, é mais do que oportuno pretender-se ter um rumo certo para as pescas e para a preservação das espécies a nível nacional. Peniche vai manter a esperança de que não se prolongue por mais tempo a actual situação, e que, de uma vez por todas, se vislumbre a luz ao fundo do túnel.
EM 01 DE ABRIL DE 2008 PÕE-SE A INTERROGAÇÃO :
Passada que foi a festa da exposição, para o mundo ver, não se conhecendo da existência ou actividade do tal instituto para defesa e preservação dos oceanos, o que sabemos é que a barca está em pior situação, que inevitavelmente se vai afundar e Peniche bem pode perder a esperança de ver a luz ao fundo do túnel.

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