sábado, 28 de julho de 2012
BERLENGA E O FEITIÇO DAS SEIS ÀS NOVE
A propósito do falecimento do Joaquim Maçãzinha, a quem não
tive a oportunidade de pagar o meu tributo, como era meu dever, com a presença
no seu funeral e por isso venho, desta forma, prestar-lhe a minha modesta mas
sentida homenagem.
O Joaquim pertenceu a um grupo de pessoas que tiveram a
simpatia de fazer amizades com todos
aqueles, que por qualquer motivo, gravitavam à sua volta.
Tive o privilégio de conviver com o grupo dos que viveram
o feitiço das seis às nove horas, quer da manhã, quer da tarde, no cais da
Berlenga, como o Joaquim, o Francisco Careca, o Joaquim Balitum, o Tio João, O
Humberto Cego, o Carlos Baleal, o José Bento, o Manuel Ginja, etc. etc.
Os barcos da carreira sempre marcaram as horas do dia na
Berlenga, uma coisa é o sossego antes ou depois da chegada e partida do barco, outra é o
bulíçio e intensidade de vida durante a estadia dos que em visita desembarcam.
Então, quem estava como residente, ainda que por poucos
dias, tinha a felicidade de viver o tal período do feitiço, entre as seis e as
nove da manhã, como entre as seis e as nove da tarde, balizadas pela chegada e
partida do Novo Rumo, depois pelo Cabo Avelar.
O dia começava pelas seis/sete da manhã com o
levantamento de uma pequena rede de emalhar que alguns de nós ainda tiveram a
sorte de poder utilizar e, portanto, o grupo reunia no cais, usufruindo do sol
nascente, a desemalhar a teca de peixe que calhava em sorte, limpar as redes
dos limos, arrumá-las no tabuleiro, limpar o cais para que tudo estivesse
impecável à chegada do barco, tudo isto
num convívio matinal do grupo que sempre se formava. Depois continuava após as
seis da tarde, quando a vida trepidante acabava após o embarque das visitas,
voltava a juntar-se a tribo, agora para embarcar a rede que iria ser lançada
novamente em sítio que só cada um sabia, de acordo com a sua fé.
Tudo isto proporcionou, ao longo de muitos anos, uma
forma especialmente fraterna de viver uns dias de férias, tendo como apoio e
companhia um conjunto de homens bons, sempre dispostos a ajudar e garantir a
segurança dos ocasionais, através dos conselhos e alertas que a sua experiência
permitia.
Etiquetas: Berlenga
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