segunda-feira, 2 de maio de 2016

 

O PORQUÊ DA E.S.T.M.


A propósito da palestra rotária intitulada “DO MAR PARA A SOCIEDADE” há dias concretizada no Auditório Municipal sugeriu-se-me esclarecer “O PORQUÊ DA E.S.T.M.”.

Teremos que recuar 40/50 anos para se chegar à génese da necessidade da sua criação.

Viviam-se ainda os tempos que hoje apelidamos de mais ou menos áureos da indústria da pesca e no espírito e conversas de algumas pessoas, interessadas na continuidade do progresso da nossa terra, onde germinava a dúvida, ou melhor dizendo a certeza, de que o que se estava a passar na indústria não teria bom sucesso.

Punham-se em causas algumas más práticas de gestão, mais concretamente o volume de investimentos, alguns inaproveitados e outros a raiar a loucura.

Refiro-me às constantes mudanças de sondas, que tinham que acompanhar os últimos modelos, sem que, a bordo das embarcações houvesse alguém capacitado para tirar o proveito desejado das mesmas, bem como a tal loucura de instalar motores cada vez com mais elevada cavalagem e o consumo associado, e ainda, apesar da instalação de todos estes equipamentos e mais os aladores e arrumadores de redes não resultar em qualquer melhoria, em termos de rendimento, tanto para as companhas, que mantinham o mesmo número de elementos, como para os armadores, que viam desbaratados os respectivos rendimentos.

Peço um pouco da vossa paciência para ilustrar o que atrás fica dito com o relato de situações vividas por mim e que serão confirmadas por muitos dos rapazes da minha idade:

Quantos não foram os filhos desta terra que ouviram o Snr. Victor Laranjeira clamar contra a instalação de motores, na altura de 250/300 cavalos, o que diria ele se chegasse a ver instalarem-se motores de 400/500. Referia aquele pensador das coisas do mar, a quem ninguém ligou qualquer importância, que nos países nórdicos, em embarcações equivalentes não empregavam mais de 100/120 cavalos. Estávamos a trabalhar para os fornecedores de petróleo e equipamentos.
A minha experiência pessoal diz respeito à utilização das sondas. Fui amigo de infância do Humberto Rosa Faustino (Bebé), esse grande autodidata das electrónicas, e passei muitas horas a acompanhá-lo, quer na oficina, quer nas experiências de mar que fazia aos equipamentos instalados.
Testemunho, por isso, que muitas vezes o meu amigo fazia os seus testes aos equipamentos, regulava-os para as profundidades mais utilizadas e acabava, muitas vezes, a sua prelecção com a seguinte frase.
Bem como viram o equipamento está a funcionar e devidamente regulado, agora não mexam nos botões, para parar e ligar está aqui o corta corrente”.

Foi a constatação destes factos e mais alguns outros que chamava a atenção de alguns espíritos mais despertos para a necessidade de alteração destas circunstâncias.

Pelo meio deste longo período passou o vinte cinco de Abril, com ele chegaram à liderança das pescas os homens que vinham revolucionar esta situação e tomar o caminho certo, pensava eu, pois foram mais desastrados que os anteriores e deram cabo do resto.

E aqui está a história da génese da necessidade da criação de uma “ESCOLA SUPERIOR DE PESCA E TECNOLOGIAS DO MAR” para preparar de forma superior, quer nas técnicas e estudo de novos equipamentos, quer na administração dos necessários conhecimentos biológicos,
 como também em técnicas de gestão ligadas à actividade e, por fim, na criação de uma nova mentalidade dos que possam levar a pesca para outras mãos e outros rumos.

Termino este meu testemunho com um esclarecimento. Não tive qualquer influência na instalação da escola que, em boa hora outros levaram por diante, apenas, pela idade que vou tendo, me foi permitido ir seguindo todo este arrastar de desgraça a que chegou a principal actividade da minha terra.

Fico na esperança de que a escola ainda venha, um dia, a preencher esta lacuna da nossa terra, sendo devidamente acompanhada e apoiada por aqueles que têm essa obrigação, afinal, é só ir ver, com olhos bem abertos, o que se passa noutros países.

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Comentários:
Com todo o respeito, que grande confusão!
Essas necessidades de que fala foram ou deveriam ser suprimidas pelo antigo FORPESCAS, atual FOR-MAR. É através dessa organização que os pescadores e demais profissionais da fileira da pesca deviam e devem ter acesso a FORMAÇÃO PROFISSIONAL.
Por regra, as escolas superiores formam bacharéis e licenciados.

T. M.
 
Tb tenho essa ideia...
 
Snr. T.M., desculpe o tratamento mas desconheço o meu interlocutor. O seu comentário sugere que desfaça a confusão e a situe onde parece estar. Os empresários e pescadores a nível dos países nórdicos terão formação e grau educacional ao nível de bacharel e até licenciatura, são eles que nos deverão servir de exemplo. Aquilo que sugere é que se continue a fazer o mesmo que até aqui, com o resultado que todos constatamos.
 
Snr. J.A.,
Consegue provar a sua afirmação de que "Os empresários e pescadores a nível dos países nórdicos terão formação e grau educacional ao nível de bacharel e até licenciatura (...)"? Quantos, que percentagens do total...?


Cumprimentos,
T.M.
 
Caro amigo João. Se me permite, vou fazer-lhe um reparo. Quando pretender referir potência não aplique a palavra "cavalagem" diga potência pois cavalagem refere-se a 4 patas.
 

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