segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

 

AOS OITENTA ANOS


Quando se chega a esta idade, para além de nos darmos por felizes por aqui chegar, ganhamos uma certa distância sobre tudo o que nos rodeia e vamo-nos apercebendo de situações, actuais e passadas, que nos levam a ver o mundo com outros olhos, ou melhor, os olhos são os mesmos, mas as lentes dos óculos tornam-se mais claras, as imagens que focam são mais nítidas, porque há mais tempo para as fixar.

Então, apercebemo-nos de situações que nos deixam abismados e, por vezes, até indignados. Concluímos que, eivados de boa fé, embarcamos em determinados “cantos de sereias”, fizemos de escadote para alcandorar alguns imbecis a determinados lugares, tomamos posições desinteressadas que acabam por ser aproveitadas, desonestamente, por terceiros, tudo o que vimos fazer, à nossa volta, foi sempre no sentido de ser atingido o interesse de alguém e nunca o objectivo que se evoca, o colectivo.

Resta-nos o descanso de consciência de que não o fizemos por conivência com a desonestidade, mas sempre fomos movidos pela nossa boa fé. E assim sendo podemos, sempre, encarar aqueles que se serviram, os conhecidos “chicos espertos”, olhá-los nos olhos e, na cara, pespegar-lhes o que nos vai na alma.

Numa noite de tempestade a melancolia do tempo conduz-nos, por vezes, a estes estados de alma, que resolvi passar a escrito para que alguém, ainda no reboliço da juventude, aproveite o que veio à memória de um velho. 

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