sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

 

TANTO TRABALHO PARA TÃO TRISTE FIM


ROTARY REUNIÃO DE 08 07 2024

(A minha intervenção)

Agradeço a presença dos companheiros visitantes, ela representa o interesse que o distrito dispensa à continuidade do nosso clube, mas, também, o reconhecimento da acção que desempenhou ao longo dos seus 45 anos de vida.

Devo esclarecer que tive necessidade de recorrer a esta forma escrita pela dificuldade que os meus 88 anos colocam à memorização e abordagem de um assunto desta importância.

Para situar o conteúdo do contributo que pretendo apresentar nesta hora dolorosa da nossa existência, tenho que, previamente, salientar alguns factos históricos ocorridos ao longo da sua existência.

Quando, decorridos 3 ou 4 anos do seu nascimento, se discutiu a forma como o nosso clube iria intervir no cumprimento da sua missão em geral, colocaram-se duas correntes de opinião, uma tendia a que se adquirisse uma sede localizada no centro da cidade tendo em vista a facilidade de contacto com a nossa população, outra, que ia no sentido de actuarmos em proveito do movimento rotário em geral, que abrangeria a totalidade do então único distrito que constituía o país, que se veio a concretizar sob a forma da instalação deste centro de férias.

Quero afirmar que me situei no lado minoritário em discussão, o que não invalidou que abraçasse, com a dedicação possível, o projecto preferido e, devo referir, nele envolver a minha esposa Rosa desde a primeira hora, aliás, como aconteceu com outros companheiros.

Foi um objectivo alcançado graças ao esforço conjunto de um grupo coeso no atingimento do objectivo, uns com mais esforço de trabalho, outros com maior esforço de carteira, mas todos num único sentido.

Devo dizer que, no que respeita à adesão do distrito à nossa causa, nunca foi atingido o volume de interesse que se sonhou, embora, da parte de alguns poucos clubes, tenha havido a oportunidade de colaborar no preenchimento dos nossos objectivos.

Teremos, porventura, sido pouco persistentes na divulgação do projecto, mas já não é altura de remediar.

A existência deste património tem os seus custos de manutenção e a sua localização não permite um fácil contacto e interesse da população local e, para além disso, os anos passaram e não soubemos, em devido tempo, adaptar as instalações e procurar novas actividades que permitissem amenizar e suportar os custos a que ficamos sujeitos.

Hoje debatemo-nos com a necessidade de executar obras que já são urgentes a alguns anos, temos uma elevada taxa etária dos nossos associados, há um desinteresse e falta de convicção que não permite pensar na renovação e viragem para continuidade do nosso clube.

É esta a encruzilhada em que nos situamos. Como poderemos pensar em renovar se não nos adaptamos à exigência dos tempos que correm, como podemos ultrapassar a nossa incapacidade de executar as obras estruturais e de adaptação que se impõem?

Há vinte anos, por aí, numa outra altura de crise cedemos as instalações a uma instituição congénere e depressa nos arrependemos, dado o fim, pouco recomendável, que lhe deram na utilização e nos forçaram a reocupar a nossa missão.

Por tudo isto e porque estamos instalados numa área de zona protegida, e só por consideração da actividade que aqui desenvolveríamos nos foi facultada, a continuidade futura destas instalações está sujeita à apreciação que vier a ser feita pela Câmara Municipal.

E foi esta linha de pensamento e perante os factos relatados que, na última assembleia geral, afirmei que se o clube não tiver meios de sobreviver, como parece, proponho e devolução do terreno à Câmara com a demolição do edificado.

Nota de hoje dia 13/12/2024 –

Os comandantes do navio já o abandonaram, restam os tripulantes que não sabem nadar em águas revoltas, resta-nos esperar pelo seu naufrágio.

João Marques Petinga Avelar


 

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