domingo, 13 de janeiro de 2008

 

EM 04 DE MAIO DE 1995 - DIZIA "PIOR QUE ABANDONADO SERÁ DEGRADADO E ESTROPIADO"

É o que me sugere dizer quando faço o percurso entre a antiga entrada da cidade, o denominado portão de Peniche de Cima, e o Porto da Areia Norte, via Baluarte da Gamboa, Quebrado, Forte da Luz e Papoa.
Para além de nunca se ter feito o caminho condigno que a paisagem merece, afigura-se-me que esta parte da cidade nunca constou do imaginário da nossa autarquia. Quem conhece estas paragens desde há algumas dezenas de anos e constata o que, nesta altura, por ali se passa, conclui que, não só não há olhos sensíveis ao que de belo por ali é possível admirar, como nem sequer os ditos olhos se preocupam em preservar o que existe, ou são suficientemente vesgos para não abarcar os dislates que por ali têm sido feitos.
Será que existem muitos miradouros naturais, amplos e belos como o Baluarte da Gamboa, para que se não aproveite este local com a dignidade que merece?
Talvez valha a pena imaginar aquele lugar limpo e arranjado de forma austera para que não perca a sua traça militar.
Logo de seguida caimos na desgraça das desgraças. Estamos perante a Praia do Quebrado, hoje completamente assassinada pelos desmandos que têm sido praticados por algumas cabeças torpes, que parece só saberem viver em ambiente de terceiro mundo. É pena que tudo isto se passe impunemente perante as entidades que têm o dever de lhes barrar o caminho, a menos que os seus hábitos de ocupação dos tempos livres as não levem a passar por aquelas paragens, já que por cumprimento do dever parece que desde há muito assim acontece. Basta que tenhamos a lamentar que a natureza lhe tenha retirado a bela areia de que foi detentora, facto para o qual já chamei a atenção, quando me referi à crítica situação da Praia Norte, parece que sem êxito, mas que volto a reafirmar.
E continuando o caminho que hoje me propus fazer volto a encontrar uma situação degradante de ver, estando perante os restos do Forte da Luz. Não sei se deva lamentar o não aproveitamento daquele local para qualquer utilização turística, como tenho visto fazer, noutras paragens, por gente que sabe aproveitar o que a história e a natureza lhes oferecem, sei, porém, que é mínimo dever de quem não sabe fazer, que ao menos saiba preservar. Porque esperamos, portanto, para impedir que por ali passem viaturas, como venho propondo há anos, que só têm contribuido para acelerar o estado de degradação do local? Talvez ainda não tivessem desaparecido algumas das lages que cobriam o terreiro do forte e as próprias cantarias que guarneciam as portas e janelas.
Na continuação da caminhada não posso deixar de ver as lamentáveis crateras provocadas por mãos assassinas que dali retiraram as lages existentes, hoje certamente alindando outros locais, porventura pertença de particulares. Ainda assim não será possível fazer-se qualquer arranjo que procure disfarçar o mal então feito? Teria, pelo menos, o mérito de mostrar que o local está controlado e evitar possíveis tentações.
A Papoa está, felizmente, preservada por natureza. Espero que quando chegar a altura próxima de lhe substituirem as pontes de acesso, não apareça alguma cabeça iluminada que, alegando o direito ao progresso, pense em construir algum viaduto para acesso cómodo das nossas viaturas. As últimas melhorias ali feitas já têm algumas décadas, verificando-se situações de degradação de algumas delas, a reclamar a atenção de quem de direito. Estão neste caso as escadas de acesso, as pontes de ligação que deviam ser conservadas, o miradouro e a estrutura de abrigo ali construida.
E chegamos, finalmente, à Praia do Porto da Areia Norte, infelizmente desde há muito condenada como praia de veraneio, mas cuja situação se tem constantemente agravado, tal o aumento da poluição ali verificado. Mas se a não podemos utilizar, pelo menos por agora, temos a obrigação de preservar a área envolvente, de modo a que não se verifique a situação de consporcação que ali se vê. Atente-se na invasão da via pública por uma instalação de ferro velho ali existente, numa fachada de mau gosto construida recentemente junto de uma casa, património do Estado, que fez parte da fortificação da zona, e por fim o estado da estação arqueológica que lhe está contígua, que pela importância que tem bem merecia lhe fosse dado um aspecto digno, ao contrário do que se verifica.
Quando pensamos que, não raras vezes, se tem assistido a oratórias inflamadas ou lido as mais recentes peças de retórica, reclamando para a nossa terra o que de melhor exista de qualidade, apetece-me encerrar estas minhas despretensiosas palavras, eu diria melhor constatações, com uma pergunta:
NÃO SERIA ÚTIL MEDITARMOS NESTAS PEQUENAS COISAS ANTES DE PRETENDERMOS ALCANDORARMO-NOS A ALTAS PRETENSÕES?
A resposta ficará ao critério e consequência de quem tiver a paciencia e bondade de as ler.

MEDITANDO EM 13 DE JANEIRO DE 2008. - Convido, quem conheça os locais referidos, a meditar no que atrás foi dito, há quase treze anos, e constate o que foi feito para melhoria de um dos percursos que poderia ser recomendado, a quem nos visita, como mais um dos recantos aprazíveis da nossa cidade. As pérolas são para quem as sabe estimar e merece.

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