domingo, 10 de janeiro de 2021

 

A FORTALEZA DE SÃO FRANCISCO (2)


O FORTE SEISCENTISTA

Alvo de ataques recorrentes de corsários ingleses, franceses e de piratas da Barbária, Manuel I de Portugal (1495-1521) ordenou a instalação, em 1537, de 4 quatro navios latinos armados, de 25 a 30 toneladas, em Peniche. (FARIA, Manoel Severim de. “Notícias de Portugal”. Lisboa: António Isidoro da Fonseca (1655) 1740. pp. 71-72.)

De acordo com D. Afonso de Ataíde, 3.º Senhor da Praça-forte de Peniche e da Casa de Atouguia, o soberano acalentou ainda a ideia de uma defesa permanente daquele trecho do litoral, conforme referido em carta a seu sucessor, João III de Portugal (1521-1557):

Em 1544 D. João III recomendou a D. Afonso de Ataíde a construção de um castelo ou baluarte na península. Naquele mesmo ano, a 15 de julho, o senhor de Atouguia informou "(…) que o melhor lugar pera se fazer a fortaleza é no ilhéu das Cabanas, porque está sobre a boca do rio e em lugar mui conveniente pera se defender"

As obras do Fortim do Redondo tiveram lugar entre 1557 e 1558 conforme testemunha a inscrição epigráfica sobre o seu pórtico, que reza: "IMPERATE SERENISSIMO REGE/IOANE III EREXIT HOC P PVGNA/CLVM D LVDOVICVS DA TAIDE/INCEPTUM FVIT AÑO 1557/ET FINITV AÑO 1558 R Praça-forte de Peniche EGÑA/TE INVICTISSIMO REGE LVSI/TANORVM SEBASTIANO PRIMO". Com traça atribuída a Diogo Teles, revela influência dos fortes henriquinos do sul de Inglaterra, mormente do “Falmouth Fort” (“Pendennis Castle”) (1540-1543)

Sebastião I de Portugal (1557-1578) subiu ao trono em 1568, nomeando D. Luís de Ataíde, 3.º conde de Atouguia, para o cargo de Vice-rei da Índia (1568-1571). Os trabalhos na fortificação ficaram suspensos até 1572, quando foram retomados sob a responsabilidade do mestre-de-obras Gonçalo de Torralva (irmão de Diogo de Torralva).

Durante a União Ibérica (1580-1640), Filipe II de Espanha (1556-1598) enviou o engenheiro militar Filippo Terzi a Peniche para consolidar o Fortim e as muralhas e estudar possíveis melhoramentos (1589).

 Foi aqui que as tropas inglesas, cedidas por Isabel I de Inglaterra (1558-1603), sob o comando de Francis Drake, em apoio a António de Portugal, Prior do Crato, iniciaram a sua marcha sobre Lisboa (maio de 1589), na tentativa infrutífera de restaurar a soberania portuguesa. Tendo-se deparado com forte resistência nas imediações da capital, as tropas inglesas retiraram, reembarcando em Cascais, episódio que deu origem à expressão "amigos de Peniche".

Reconhecendo a posição estratégica de Peniche, em 1605 Filipe III, Praça-forte de Peniche Espanha (1598-1621), recomendou ao vice-rei D. Pedro de Castilho: "(…) ordeneis que Leonardo Turriano meu engenheiro que vá ver ocularmente o forte e sítio em que está, Peniche.

A povoação pesqueira foi elevada a vila e sede de concelho (1609), momento em que o engenheiro militar Luís Gabriel foi incumbido de comandar as obras da fortaleza, tendo ainda orientado as obras do porto e do abastecimento de água.

Em 1625 Filipe IV de Espanha (1621-1665) alertou para a urgência de se edificar um forte nas Berlengas, local muito visitado por corsários.

Trecho 02

-continua-


 

Etiquetas:


Comentários:

Enviar um comentário

Este blogue não responde a comentários anónimos e apenas responde a perguntas dos comentadores.

Subscrever Enviar feedback [Atom]





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]