quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
A FORTALEZA DE SÃO FRANCISCO (4)
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), em 1830
o tenente-coronel Brandão mandou fortificar o Porto da Areia de Peniche de Cima
e ampliar o forte das Cabanas.
Em 1837 uma explosão da pólvora no paiol da fortaleza
conduziu a um violento incêndio que destruiu completamente o Palácio do
Governador, que não voltou a ser recuperado. (CALADO, 1991:186) Dois anos mais
tarde (1839) regista-se a cedência, Praça-forte de Peniche pelo Ministério da Guerra
à Câmara Municipal, da área de terreno militar junto à muralha compreendida
entre os baluartes da Misericórdia e da Ponte.
Do século XX aos nossos dias
No alvorecer do século XX, no contexto da Segunda Guerra dos
Bóeres (1899-1902), as dependências da fortaleza – nomeadamente o quartel de
São Marcos e o meio-baluarte da Misericórdia - foram utilizadas em 1901, como
abrigo para os bóeres que se haviam refugiado dos britânicos na colónia
portuguesa de Moçambique.
À época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), na
Praça-forte de Peniche estiveram detidos cidadãos alemães e austríacos.
Em 1928 registou-se a cedência da fortaleza para sanatório
de tuberculosos. Poucos anos mais tarde, durante o Estado Novo português
(1930-1974), a fortaleza foi convertida em prisão política de segurança máxima
(1934).
Ao final da década, o conjunto da Fortaleza de São Francisco
e da frente abaluartada da Praça de Peniche, e todas as muralhas militares que
constituem os baluartes e cortinas existentes na vila, foi classificado como
Monumento Nacional pelo Decreto n.º 28.536, publicado no Diário do Governo, I
Série, n.º 66, de 22 de março de 1938.
Neste período iniciou-se a intervenção do poder público,
pela Direcção Geral das Edificações e Monumentos Nacionais (DGEMN), que em 1939
procedeu a reparação e consolidação de nove guaritas da fortaleza.
Em 1945 um Decreto determinou a entrega da fortaleza ao
Ministério da Justiça, integrando a jurisdição da Polícia de Vigilância e
Defesa do Estado (PVDE), que nesse mesmo ano foi substituída pela Polícia
Internacional e de Defesa do Estado (PIDE).
A DGEMN procedeu à abertura de um arco na frente
abaluartada, entre o meio baluarte de São Vicente e o meio baluarte da Camboa
(ou Gamboa), para acesso à praia de banhos, assim como a reparação do túnel de
mar (1947). Em 1949 uma petição da Câmara Municipal de Peniche solicitou a
inclusão da Fortaleza e da frente urbana abaluartada de Peniche no Plano de
Restauração dos Monumentos Nacionais. No ano seguinte (1950) procedeu-se a delimitação
da zona de proteção da fortaleza e da cortina abaluartada proposta pela DGEMN.
Na madrugada de 18 para 19 de dezembro de 1954, o dirigente
do Partido Comunista Português, António Dias Lourenço, prisioneiro que quinze
dias antes provocara um incidente para ser recolhido ao Baluarte Redondo, então
zona de isolamento conhecida como "O Segredo", conseguiu evadir-se
por uma abertura de 20 x 40 centímetros que serrou na almofada de madeira da
porta da cela, descendo em seguida 20 metros de muralha até ao mar com uma
corda feita com lençóis rasgados em tiras. A improvisada corda rompeu-se,
fazendo-o cair ao mar. Foi arrastado para o largo por refluxo das ondas. Com
muito esforço, esgotado, conseguiu, no entanto, alcançar terra e lograr escapar
escondido, com a conivência de pescadores, numa camioneta de transporte de
pescado.
Trecho 04
-continua-
Etiquetas: Fortaleza
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