terça-feira, 25 de abril de 2017
A NOSSA FORTALEZA E A VERGONHOSA ATITUDE DE ALGUNS “penicheiros”
Corria o ano
de 1984 quando, após imensas sessões da Assembleia Municipal, de que eu fazia
parte, onde era focado, muitas vezes, o assunto da futura utilização da
fortaleza, foi deliberada a constituição de uma comissão para, através da
auscultação do maior número possível de entidades e pessoas, se concluísse uma
proposta que servisse de base à constituição de um regulamento orientador da
utilização da nossa fortaleza, ao serviço da cidade.
Eu, fui um
dos elementos indicados pelo Partido Social Democrata.
A actividade
desta comissão foi, constantemente, boicotada, até pelos elementos que a
constituíam, em especial os do Partido Comunista, que funcionaram como meros
auscultadores do que se decidia, para logo aparecerem outros elementos do mesmo
partido a desencadear acções tendentes a contrariar o que se planeara,
utilizando até a imprensa escrita nacional.
Foram largos
meses em que a persistência da maioria dos elementos da comissão era posta à
prova por estas acções.
Apesar de
tudo foi conseguido elaborar um o relatório pretendido, que depois de apreciado
e discutido na Assembleia Municipal, foi enviado à Câmara Municipal, sobre a
forma de recomendação, para que se constituísse o regulamento definitivo,
Desta
recomendação saliento o seguinte, conforme acta nº 3 / 1985, reunião de 25 de
Janeiro de 1985, da Assembleia Municipal de Peniche:
“Ressaltou
como ideia básica que a fortaleza deverá ser aproveitada numa tripla
perspectiva; museológica no sentido restrito, cultural e recreativa.
Foi
entendido que estas três vertentes deveriam ser desenvolvidas sob a égide da Câmara,
sendo sublinhado que a existência de uma única entidade a efectuar a administração
da área da fortaleza terá ainda a vantagem de assegurar a cada iniciativa o
respeito pala coerência global a ter em conta no seu aproveitamento, a qual poderia
ser colocada em risco, se várias entidades autónomas actuassem em simultâneo e
com alguma autonomia no mesmo espaço.
Foi ainda
evidenciada a preocupação quanto a acções bem-intencionadas, mas precipitadas, a
constituir, amanhã, eventualmente, um obstáculo ao mais correcto aproveitamento
das potencialidades da fortaleza, ameaça essa a ser evitada através duma
criteriosa relação das iniciativas a pôr de pé, necessariamente inseridas no
plano director a elaborar. Foi ainda entendido ser urgente a elaboração deste
plano director.
Marcante foi,
também, a tónica que a generalidade colocou na evocação da própria fortaleza,
em particular no concernente aos períodos em que funcionou como praça de guerra
e prisão política.
Quanto a
estes aspectos foi assinalado o elevador valor pedagógico que uma ilustração
destes períodos possui, em particular, o último, para todos aqueles que não
conheceram directamente os 48 anos de ditadura.
Relativamente
ao acesso à fortaleza vingou a ideia de que ele não deveria ser dificultado,
embora sempre realizado em obediência à rigorosa disciplina que não poderá
deixar de ser exigida para um local com estas características.
Foi constatado
que a instalação na fortaleza do Museu de Peniche e do Centro de Formação Profissional
da Pesca, este em regime de transitoriedade, foi de uma forma geral bem
acolhida.
Finalmente,
foi ideia geral que tem sido um bom trabalho aquele que tem vindo a ser
prosseguido pela Comissão Instaladora do Museu de Peniche.
Em face do
que se apresenta e a terminar a nossa incumbência, propomos à Assembleia
Municipal a aprovação deste relatório e de uma recomendação à Câmara Municipal,
no sentido de elaborar um plano director onde se destinem espaços com vista à
instalação, entre outras, das seguintes actividades:
1 – Museu de
Peniche.
2 – Evocação
histórica da fortaleza como praça de guerra e prisão política.
3 – Centro de
Formação Profissional de Pesca, este em regime transitório.
4 –
Actividades culturais, recreativas e turísticas.
Peniche, 16
de Janeiro de 1985, (aa) João Marques Petinga Avelar, António José leitão,
Armando Faria da Silva Fandinga, Abel José Carvalho de Campos, Victor Manuel
Farricha Mamede, Arcindo de oliveira Russo, António José de Azevedo Filipe,
Carlos Norberto Freitas Mota".
Infelizmente
na Câmara Municipal não contámos com gente que soubesse levar por diante a
recomendação que lhe foi feita. Nunca passamos de um grupo de acagaçados que
sempre baixaram a cabeça perante aqueles que sempre lá estiveram tendo por
bandeira a concretização do que desde o início lhes foi determinado pelo comité
central, ainda que com isso estejam a trair os interesses da nossa cidade. Afinal,
os “amigos de Peniche” não são só ingleses.
Etiquetas: Fortaleza
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