sábado, 16 de janeiro de 2021

 

A FORTALEZA DE SÃO FRANCISCO (5)


A 3 de janeiro de 1960, teve lugar a chamada "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues, graças à conivência de um elemento da Guarda Nacional Republicana (GNR) que anuiu à imobilização com clorofórmio de um seu colega responsável pela vigilância dos prisioneiros. O guarda em questão conduziu os fugitivos, um a um, agachados debaixo do seu capote de oleado, até a um troço mais escuro da muralha, de onde desceram para o exterior também com o auxílio de uma corda feita de lençóis.

No início da década de 1980, quando os últimos retornados das ex-colónias deixaram a fortaleza, um grupo de naturais de Peniche, com a concordância da Câmara Municipal e a colaboração de pessoas e entidades de diversas áreas, como o Museu Nacional de Arqueologia, criou nas suas dependências um museu vocacionado para invocar por um lado fatos e memórias da resistência antifascista contra o Estado Novo (setor da resistência) e por outro de Peniche, dando relevo ao mar como elemento dominante no seu contexto natural e histórico (Praça-forte de Peniche setor local). A maior parte do atual acervo provém de doações feitas à época. Nessa fase várias iniciativas culturais tiveram lugar no salão nobre com regularidade.

A partir de 1984 apenas um dos três pavilhões do forte ficou aberto ao público em geral como Museu Municipal, exibindo o seu património de modo mais ordenado: arqueológico, histórico e etnográfico (renda de bilros, peças consagradas à pesca e à construção naval). Foram então feitos melhoramentos no chamado Núcleo da Resistência, com restauros e a reconstituição do ambiente como prisão política (celas individuais e parlatórios). Neste último, os visitantes podem conhecer a cela onde esteve preso o secretário-geral do Partido Comunista Português, Álvaro Cunhal, e alguns dos seus desenhos a carvão, bem como o local por onde se evadiu em 1960.

Em setembro de 2016, a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo Governo de Portugal na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do Programa REVIVE de recuperação do património imobiliário público, mas passados dois meses foi retirada pela polémica pública suscitada.

Trecho 05

-continua-


 

Etiquetas:


Comentários:

Enviar um comentário

Este blogue não responde a comentários anónimos e apenas responde a perguntas dos comentadores.

Subscrever Enviar feedback [Atom]





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]