domingo, 8 de junho de 2025
BERLENGA - 50º ANIVERSÁRIO
Aqui estou, correspondendo ao convite da Direcção da
Associação, convite que me deixou emocionado, após tantos anos sem contacto
convosco.
Peço-vos desculpa pelo tom de voz, pelo facto de usar uma
cadência pausada e estar a ler o que vos pretendo dizer.
Consequência dos 88 anos de existência a que corresponde uma
memória em permanente falibilidade.
Comemoramos cinquenta anos desde o acontecimento que motivou
este ciclo de vida da AAB e que em jeito de preâmbulo vos conto.
Estávamos num Sábado à tarde no posto náutico do CNP quando
o Joaquim Maçãzinha nos transmitiu que, mais uma vez, havia sido assaltado o
Forte da Berlenga. encerrado há uns anos da sua missão de anfitrião de uma
pousada nacional.
A consternação dos presentes foi grande e lembrou-nos a
ocorrência de, em vários pontos do país, a ocupação selvagem de vários
estabelecimentos semelhantes, fruto da desorganização política em que o país se
encontrava.
O grupo foi comentando o acontecido entre o núcleo
frequentador da Berlenga como ocupação dos seus momentos de lazer.
Esta preocupação foi-se adensando e motivou a necessidade de
se tomarem medidas que salvaguardassem o forte de situação semelhante.
Analisados os factos foi decidido que não usaríamos o método
corrente no país, isto é, tomarmos conta do imóvel pela via do assalto.
Decidiu-se solicitar uma audiência à Secretaria de Estado do
Turismo e, na oportunidade, expusemos que não permitiríamos que o nosso forte fosse
ocupado por gente estranha aos interesses da nossa cidade.
A Secretaria de Estado anunciou que estariam dispostos em
colaborar connosco desde que tivéssemos o acordo da autarquia local.
Obtida que foi a prestimosa colaboração da autarquia,
através da sua comissão administrativa, foi-nos concedida autorização para
apresentarmos o nosso projecto de utilização.
Nasceu assim a “Casa Abrigo” a funcionar como um parque de
campismo em que os utentes utilizavam os quartos servindo-se do mobiliário
existente e sem roupas, utilizavam a cozinha da pousada onde cada quarto tinha
o seu local demarcado, contavam com um almude diário de água potável e podiam
comprar o trivial num minimercado abastecido e explorado pela comissão.
Feita um pouco da história do nascimento da nossa associação
deixo à consideração de cada um a avaliação do trabalho que tudo isto exigiu e
da colaboração de um elevado número de verdadeiros amigos da Berlenga, cujos
nomes omito propositadamente para não fazer distinções.
Alguns anos depois, estávamos nos anos de presidência da câmara
do comum amigo Luiz Almeida e a propósito da visita do então Presidente da
República, General Ramalho Yanes, quando das importantes feiras do mar que em
Peniche se organizaram, houve a oportunidade de falar da Berlenga e da
necessidade de lhe proporcionar meios de desenvolvimento controlado.
Foi, por isso, atribuído e decretado o estatuto de Reserva
Natural, porém, a câmara municipal, com o sentido de preservar e defender o
melhor possível os interesses de Peniche e dos penicheiros, donos do território,
entendeu que, do conselho da reserva criada, fizessem parte permanente um
elemento indicado pela câmara e outro pela associação dos amidos da Berlenga.
E, durante vários anos, estes elementos tiveram a
oportunidade de ir impondo e defendendo os interesses da nossa terra.
Porém, para infelicidade nossa, os presidentes que se
seguiram, por motivos de vaidade pessoal, porque entendiam que eles é que sabiam
tudo, e obediência política a interesses externos, foram abdicando da
vigilância e defessa dos interesses da nossa cidade e dos seus habitantes, numa
atitude serventual de interesses que nos são alheios.
Neste momento estamos a passar por uma das habituais fases
de incursão de mais uma tentativa de passar por cima de Peniche e dos
penicheiros, espero, que o habitual amorfismo dos penicheiros, que têm deixado
que os espezinhem constantemente, não resulte e que haja um grupo que saiba
impor a defesa dos nossos interesses.
Cabe à Associação dos Amigos da Berlenga dar o mote, eu, estou velho e cansado, mas, se o grupo precisar, cá estarei."
Etiquetas: Berlenga
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